Tenho fibromialgia e agora?

Tenho fibromialgia e agora?

tenho-fibromialgia-e-agora
Publicado em 14/jul/20

A gente entende que receber um diagnóstico de fibromialgia não é nada fácil. Primeiro, pela dificuldade de realizá-lo, devido ao fato de não haver um diagnóstico simples. Segundo, por conta do peso dessa condição, ainda muito estigmatizada pela população. Porém, pelo menos agora você sabe a origem de tantas dores — e tem tudo para dar a volta por cima!

Ouça este conteúdo:

Neste artigo, vou mostrar como a medicina está avançando no entendimento da fibromialgia. Continue a leitura e veja como ter uma vida, o mais próxima possível, do normal!

O que se sabe sobre a fibromialgia?

A fibromialgia é uma doença prevalente em mulheres entre 20 e 60 anos, mas pode acometer de crianças a pessoas mais velhas, de ambos os gêneros. Estima-se que atinja entre 2 e 10% da população mundial, na proporção de 7 mulheres para cada homem.

Antigamente, pouco se sabia sobre a fibromialgia. Pacientes viviam uma verdadeira peregrinação entre consultórios de diferentes especialidades, mas ninguém era capaz de entender ou, muito menos, de tratar suas dores.

Atualmente, ainda não se sabe ao certo o que leva a essa condição. Mas avanços científicos mostram que o cérebro de quem tem fibromialgia tem neurotransmissores de dor em uma quantidade muito superior ao das outras pessoas. Suspeita-se que isso gere a reação exacerbada aos estímulos.

No mais, a fibromialgia não tem cura, mas não mata nem provoca deformações físicas. Se não tratada, porém, pode levar à incapacitação e ao comprometimento da qualidade de vida.

Como é a vida de quem tem fibromialgia?

Quem tem fibromialgia sente dores musculoesqueléticas e articulares generalizadas. Mas não se trata de um incômodo qualquer. Isso porque, o cérebro de quem tem essa condição processa a dor de uma maneira muito mais intensa. Assim, um simples abraço ser bastante doloroso.

Geralmente, os primeiros sintomas se caracterizam por uma dor persistente e localizada. Aos poucos, essa dor se alastra pelo corpo todo. A doença pode surgir do nada ou ser desencadeada por traumas físicos, psicológicos ou, até mesmo, por infecções. Ou seja, é uma síndrome cujas causas são desconhecidas.

Como é feito o diagnóstico da doença?

Antes de receberem o diagnóstico, muitas mulheres escutam que seus sintomas são psicológicos, culpa da TPM ou, até mesmo, frescura. O diagnóstico, quando existente, geralmente é dado pelo neurologista, pelo reumatologista ou por outro especialista em dor. Para isso, ele se baseia:

  • no tempo de convivência com a dor, que deve ser superior a 3 meses;
  • nos relatos sobre as dificuldades para realizar tarefas rotineiras;
  • na existência de outros casos da doença na família, pois se suspeita que haja um componente genético;
  • nos sintomas coexistentes, como fadiga extrema, alterações do sono e distúrbios cognitivos (problemas de concentração e falta de memória);
  • em distúrbios associados, como síndrome do cólon irritável, urgência urinária, pernas inquietas, ansiedade, depressão, entre outros;
  • no mapa de pontos sensíveis, distribuídos pelas pernas, braços e tronco (segundo os critérios do American College of Rheumatology) e
  • em exames, solicitados para descartar a hipótese de doenças com sintomas dolorosos semelhantes, como a espondilite anquilosante (condição que afeta as articulações da coluna).

Quem e o quê podem ajudar?

Muitas vezes, quem tem fibromialgia aprende a conviver com as dores. A dor crônica tem esse “poder”: a pessoa passa a realizar suas obrigações escondendo seu sofrimento dos demais. Após receber o diagnóstico correto, no entanto, há esperança de uma vida melhor!

Usadas com parcimônia, algumas medicações, como neuromoduladores e antidepressivos, podem ajudar. Essas classes de medicamentos aumentam a quantidade de neurotransmissores capazes de reduzir as dores e, consequentemente, melhorar a disposição dos pacientes.

Essa disposição, aliás, é importante para conseguir colocar em prática o que faz mesmo diferença para quem tem fibromialgia: a prática regular de atividades físicas.

Quer saber outro bom motivo para fazer esportes? Pessoas com depressão são mais propensas a desenvolver fibromialgia. Nesses casos, um distúrbio agrava o outro, o que dificulta ainda mais o tratamento.

Mas os hormônios liberados durante as práticas esportivas (principalmente, a endorfina) geram bem-estar. Isso ajuda a manter a ameaça de depressão bem longe e, ainda, melhoram o sono.

Para concluir, os médicos especialistas em dor são os profissionais mais bem preparados para lidar com os desafios da doença. Principalmente, quando atuam em conjunto com uma equipe multidisciplinar, a qual pode ser composta por educadores físicos, nutricionistas, psicólogos, entre outros especialistas. Mas não se esqueça de que, para combater as dores da fibromialgia, o mais importante é ser ativo no tratamento — literalmente!

Ainda tem dúvidas? Posso ajudar! Pergunte por e-mail ou, se preferir, pelas minhas redes sociais (Instagram ou Facebook).  

Mas se você tem fibromialgia e mora em Blumenau ou região, aproveite para agendar uma consulta!

Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

Artigos relacionados