Tenho dor complexa regional: e agora?

Tenho dor complexa regional: e agora?

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Publicado em 12/set/20

Receber um diagnóstico de doença nunca é fácil. Piora muito se a patologia estiver entre as 10 piores dores que um ser humano pode aguentar. Esse é o caso dos pacientes com a síndrome da dor complexa regional (SDCR). A boa notícia é que existe tratamento e o prognóstico é animador.

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Quer saber tudo sobre a dor complexa regional? Então, aproveite este guia criado, especialmente, para pacientes com essa condição!

O que é a síndrome da dor complexa regional?

A síndrome da dor complexa regional é uma desordem crônica e debilitante. Ela afeta uma parte específica do corpo, como perna, pé, braço ou mão.

Estima-se que existam de 5,5 a 26,2 casos por 100.000 habitantes, sendo que mulheres, entre 40 e 60 anos de idade, são as mais afetadas. O problema pode durar anos, ocorrendo sem danos nos nervos ou gerando lesões nervosas.

A dor complexa regional resulta de um processo multifatorial. As causas não são conhecidas, mas a dor surge após eventos traumáticos, como contusões, fraturas, queimaduras, cortes ou cirurgias. Existem dois tipos:

  • no tipo 1 (antigamente chamada de distrofia simpática reflexa), a síndrome é resultado de uma lesão nos tecidos (exceto tecido nervoso);
  • no tipo 2 (antes chamado de causalgia), a síndrome é resultado de uma lesão nos nervos.

A sensação dolorosa é contínua e sentida dentro do membro, sendo descrita como queimação, picadas ou esgarçamento. Porém, a dor é sempre desproporcional ao que, possivelmente, lhe deu origem. Como consequência, a pessoa limita, grandemente, o uso do membro afetado.

Como é o diagnóstico da dor complexa regional?

O diagnóstico da síndrome da dor complexa regional é clínico, seguindo o chamado critério de Budapeste. Para defini-lo, o médico avalia o nível de dor, atentando-se ao fato de ser desproporcional ao evento desencadeante.

Além disso, o paciente deve relatar a existência de, pelo menos um sintoma em três das categorias abaixo:

  • sintomas sensitivos, como hiperalgesia (aumento da sensibilidade à dor, causada por um estímulo que, normalmente, não causa dor) ou alodinia (dor provocada por um estímulo que, normalmente, não causa dor);
  • sintomas motores ou tróficos, como redução da amplitude articular, falta de força, tremor, distonia (contrações musculares involuntárias e espasmos), perda dos cabelos, mudanças nas cores da pele e das unhas;
  • sintomas vasomotores, como alteração na temperatura corporal e na cor da pele na área afetada;
  • sintomas sudomotores, como edema e alterações na sudorese na região acometida pela síndrome.

Durante a evolução da doença, o médico confirma, por meio de exame físico, pelo menos um sinal entre esses sintomas. Ao mesmo tempo, deve descartar a existência de outras patologias que possam explicar tais sinais, como doenças reumáticas, artropatias infecciosas, lesões neurovasculares, síndromes compartimentais e celulites.

Exames adicionais podem ajudar a descartar essas condições. Com esse intuito, o médico pode solicitar:

  • ressonância nuclear magnética;
  • ultrassom com doppler vascular;
  • eletroneuromiografia;
  • cintilografia óssea trifásica;
  • bloqueio do gânglio simpático;
  • termografia; entre outros.

O que muda na vida de quem é diagnosticado?

A pessoa diagnosticada com síndrome da dor complexa regional limita o uso do membro afetado e sente uma diminuição substancial na sua capacidade, tanto laboral como pessoal. A dificuldade para realizar atividades básicas impacta, fortemente, na qualidade de vida.

Para minimizar essa situação, é preciso ter compromisso com o tratamento e, como sempre, se dispor a melhorar o estilo de vida. O tratamento é multidisciplinar, definido de acordo com as necessidades de cada paciente, e consiste em três pilares:

  • manejo da dor, com o uso de medicamentos, tratamento da dor miofascial secundária e a realização de procedimentos intervencionistas em dor (como bloqueios nervosos e estimulação elétrica transcutânea dos nervos (TENS), por exemplo);
  • fisioterapia e terapia ocupacional, voltada ao controle de edema, alongamento, exercícios isométricos, condicionamento aeróbico, entre outros;
  • psicoterapia, feita, geralmente, por meio da terapia cognitivo comportamental.

Com paciência e comprometimento, o prognóstico é animador. A taxa de cura, completa ou parcial, é de 70% dos pacientes. Porém, o processo é lento e gradual, levando alguns meses.

Quais cuidados ajudam a aliviar a dor?

Realizadas em paralelo ao tratamento, há medidas que ajudam o paciente com síndrome da dor complexa regional a aliviar o desconforto. Acupuntura, técnicas de dessensibilização e terapia de espelho (para tratar a dor do membro fantasma), realizadas por profissionais, são bons exemplos.

Assim, quem recebe o diagnóstico de dor complexa regional não deve desanimar, pelo contrário! É preciso ter ânimo para encarar o tratamento e chegar ao melhor prognóstico possível. Como em qualquer patologia, quanto mais precocemente cuidada, maiores os benefícios para a qualidade de vida.

E então, o artigo foi esclarecedor? Espero que tenha sido útil. Caso tenha outras dúvidas sobre essa a dor complexa regional ou busca por tratamento em Blumenau e Indaial, entre em contato comigo

Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

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