De vez em quando, é normal sentir dor. Inúmeras situações do dia a dia podem levar ao incômodo. O que não é normal é sentir um desconforto prolongado, que perdura ao longo de meses e impacta, negativamente, na qualidade de vida. Ao mesmo tempo, adotar medidas aparentemente inofensivas, como o uso indiscriminado de remédios para dor, não apenas não resolve o problema, como pode agravar o quadro.
Neste artigo, a Dra. Paula Benedetti, médica anestesiologista e especialista no tratamento da dor, em Blumenau, SC, mostra de que maneira essa situação deve ser contornada. Para saber mais, continue a leitura!
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Quais são os tipos de dor?
“A dor nada mais é do que uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano presente ou potencial”, explica a Dra. Paula. Sendo assim, cedo ou tarde ela aparece na vida de todos, variando conforme 4 critérios:
- localização;
- tipo (difusa ou concentrada);
- intensidade (fraca, moderada ou forte) e
- periodicidade (aguda ou crônica).
Basicamente, existem dois tipos de dor: aguda e crônica. A dor aguda pode ser provocada, por exemplo, por alguma lesão, infecção ou inflamação, bem como surgir no período pós-operatório. Nesses casos, o incômodo dura de instantes a semanas, não ultrapassando 30 dias.
Já a dor crônica é considerada uma doença. Prolongada, ela se estende por meses ou, até mesmo, anos.
Também existem as dores psicogênicas, relacionadas a problemas emocionais — sem causas aparentes. Elas se manifestam sob a forma de enxaqueca, dores estomacais e contraturas musculares, etc.
Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), as dores mais recorrentes no Brasil aparecem:
- nos membros superiores;
- na região lombar;
- na cabeça;
- nos membros inferiores;
- no tórax;
- na face;
- nos membros superiores e inferiores, ao mesmo tempo;
- em áreas difusas;
- na região cervical.
Quando sentir dor deve ser motivo de preocupação?
Independentemente da resiliência individual, ou seja, da forma como cada pessoa lida com o incômodo, a dor que não passa é sempre motivo de preocupação. Apesar de difícil de diagnosticar, ela deve ser investigada e adequadamente tratada.
Do contrário, leva à insônia, falta de apetite, ansiedade, irritabilidade, diminuição da libido, sudorese, taquicardia, entre outros problemas ainda mais graves. Ou seja, interfere de maneira negativa nas atividades diárias. Por essas e outras, o alívio e o cuidado integral da dor é uma necessidade.
Por que o diagnóstico precoce da dor é importante?
O diagnóstico precoce é importante para evitar o agravamento do problema. Você sabia que uma dor aguda não tratada pode se transformar em uma dor crônica? E essa, além do sofrimento físico e dos prejuízos à qualidade de vida, leva à inaptidão ao trabalho e uma série de problemas psicossociais.
Por isso, nem pense em adiar a procura por um especialista e aliviar os sintomas conforme aparecem, com o uso indiscriminado de analgésicos ou anti-inflamatórios. Muitas vezes, esse tipo de atitude faz com que uma simples indisposição se transforme em uma dor crônica.
O consumo dos chamados remédios para dor (aqueles disponíveis nas gôndolas das farmácias, ao alcance de todos) pode agravar o gatilho original, bem como desencadear problemas estomacais, renais e hepáticos. Isso sem falar que pode mascarar sintomas de outras doenças.
É preciso ter em mente que essas medicações são paliativas, ou seja, não tratam as causas. Além disso, seu uso prolongado faz com que a eficácia diminua, iniciando um círculo vicioso, no qual o indivíduo ingere quantidades cada vez maiores, aumentando, consequentemente, o risco de desencadear outros problemas.
Qual é o papel do médico especialista em dor?
A abordagem de um especialista vai além da prescrição de remédios. Ele investiga as origens do problema e considera, ainda, a subjetividade da dor. “Como existe a interferência das emoções, cada pessoa a sente de uma forma. Por isso o tratamento se torna um desafio”, reforça Dra. Paula.
Na maioria das vezes, o especialista em dor prescreve uma medicação (entre analgésicos opioides, analgésicos não opioides e remédios adjuvantes, como relaxantes musculares, antidepressivos, anticonvulsionantes, etc) e indica um procedimento intervencionista — principalmente, em períodos de crise. “Mas isso é só metade do tratamento”, adianta a médica.
A outra parte depende, exclusivamente, da vontade de melhorar de cada um. Na prática, trata-se de seguir as orientações relacionadas à:
- realização de atividades físicas, especialmente exercícios aeróbicos, de fortalecimento e alongamento;
- manutenção de uma dieta saudável, evitando os chamados alimentos inflamatórios;
- medidas em prol do emagrecimento, principalmente, para quem está com sobrepeso ou obesidade;
- realização de sessões de psicoterapia, para aprender técnicas de enfrentamento dos estressores do dia a dia e não deixar que eles afetem o corpo como um todo; entre outras medidas.
Por isso, em qualquer situação em que sentir dor não seja considerado normal, recomenda-se o tratamento multidisciplinar. O time é composto pelo médico especialista em dor e, muitas vezes, por um fisioterapeuta, um nutricionista, um psicólogo, um educador físico, um terapeuta ocupacional, entre outros profissionais. Uma vez que atuem juntos e contem com o comprometimento do paciente, a redução da dor e a melhora na qualidade de vida poderão ser alcançadas!
Se você se interessa por esse tema, siga o Instagram e Facebook da Dra. Paula Benedetti e confira diversas dicas sobre como evitar a dor!