Dor neuropática: do diagnóstico ao tratamento

Dor neuropática: do diagnóstico ao tratamento

Publicado em 08/dez/20

A dor neuropática é um tipo de dor crônica que afeta de 7 a 10% da população e pode se tornar incapacitante. Para complicar, muitas vezes o paciente apresenta doenças associadas ao quadro principal. Por isso, o tratamento para dor neuropática é sempre multidisciplinar.

Neste artigo, conheça a trajetória do portador desse distúrbio. Continue a leitura e veja todas as etapas, dos sintomas iniciais à remissão do problema!

O que é a dor crônica neuropática?

dor neuropática é gerada por uma lesão ou disfunção no sistema nervoso central. Isso pode ocorrer por conta:

  • da compressão de um nervo (ocasionada por um tumor, um disco na coluna vertebral que sofreu ruptura ou uma pressão em um nervo do pulso);
  • da lesão dos nervos (decorrente do diabetes mellitus, do herpes zoster, entre outras doenças);
  • da interrupção ou processamento anormal dos sinais dolorosos pela medula espinha e cérebro (como no caso de síndrome da dor complexa regional, da neuralgia pós-herpética ou da chamada dor do membro fantasma).

Para saber mais sobre a dor pós-herpética, assista meu vídeo no Instagram.

Os sintomas da dor neuropática são descritos como sensação de queimação, fisgadas, choques e agulhadas. Muitas vezes, há hipersensibilidade ao toque ou ao frio, formigamento ou adormecimento da área afetada.

Ela pode ser contínua ou aparecer em intervalos, variando de fraca a insuportável — de acordo com o estágio da doença e condições clínicas do paciente. Assim, existem diferentes tipos de dores neuropáticas:

  • mononeuropática, quando somente um nervo foi acometido, resultando em uma dor bem localizada;
  • mononeuropática múltipla, quando há o comprometimento de mais de um nervo, gerando dores em mais de uma região;
  • polineuropática, quando vários nervos foram danificados, provocando uma dor generalizada nos braços, pernas e tronco ao mesmo tempo.

O diagnóstico da dor neuropática é feito com base em exames clínicos, anamnese, exames físicos e testes quantitativos sensitivos (não invasivos). Além disso, o médico especialista em dor pode solicitar exames complementares, como exames de sangue, ressonância magnética e estudos de condução nervosa e eletromiografia.

Quais são as doenças e fatores relacionados?

As causas da dor neuropática são diversas. Muitas vezes, o paciente apresenta comorbidades que, em determinados estágios, podem afetar os nervos:

  • diabetes mellitus (em estágio degenerativo);
  • doenças infecciosas, provocadas por vírus ou bactérias;
  • esclerose múltipla;
  • tumores;
  • AVC;
  • síndrome do túnel do carpo;
  • neuralgia do trigêmeo, etc.

Traumas decorrentes de acidentes ou cirurgias, quando não adequadamente tratados, também são fatores associados ao aparecimento das lesões nervosas. Outros fatores de risco são o alcoolismo e a deficiência de nutrientes, pois ambos prejudicam a função nervosa.

Quais são os tratamentos para alívio e controle da dor neuropática?

Na América Latina, a dor neuropática afeta 15% dos pacientes que procuram um especialista para tratar alguma dor. Os tratamentos podem ser farmacológicos, não farmacológicos ou intervencionistas, variando em função da necessidade do paciente e estágio da doença.

O intuito do tratamento é voltado para o controle e alívio da dor. Mas, muitas vezes, além de tratar o nervo, é preciso tratar a(s) comorbidade(s) associada(s).

Dessa forma, o paciente tem uma considerável melhora da capacidade funcional, bem como da qualidade do sono e até da autoestima. Confira os possíveis tratamentos a seguir.

Tratamento medicamentoso

Os medicamentos usados no tratamento da dor neuropática podem ser analgésicos, anticonvulsivantes, antidepressivos e anestésicos (via oral, tópica, intravenosa ou peridural). Com o tempo, as doses devem ser reajustadas.

Bloqueio nervoso

O bloqueio nervoso interrompe a passagem pela via venosa que está transmitindo ou potencializando os sinais de dor. A técnica é indicada para pessoas com sintomas intensos e persistentes.

O procedimento pode ser feito com a injeção de um anestésico ou de outras substâncias. Ele costuma ser orientado por ultrassonografia, o que permite ao médico enxergar, exatamente, quais nervos precisam ser tratados.

Tratamento cirúrgico

A cirurgia (no nervo, medula espinhal ou no cérebro) é indicada em alguns tipos de dores neuropáticas. Geralmente, quando a dor é decorrente de uma lesão que esteja pressionando um nervo.

Terapias complementares

Fisioterapia e/ou terapia ocupacional, entre outras terapêuticas, fazem parte do tratamento para dor neuropática. Essas práticas estimulam o paciente a movimentar a parte acometida, a fim de evitar a atrofia muscular, preservar ou aumentar a amplitude de movimento e reduzir a sensibilidade.

Estimulação transcutânea dos nervos (TENS)

Estímulos elétricos fracos podem ser indicados para tratar alguns tipos de dores neuropáticas. Os “choquinhos” são transmitidos por meio de eletrodos, colocados ao longo da medula espinhal.

Agora que você conhece o caminho do diagnóstico ao tratamento da dor neuropática, não demore para buscar ajuda. Por mais complexa que seja, com a ajuda de uma equipe multidisciplinar é possível controlar o distúrbio e recuperar a qualidade de vida!

Se você sente dor, mas ainda não encontrou alívio, não perca a esperança. Entre em contato com a minha equipe e tire suas dúvidas sobre o assunto!

Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

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