Anestesia: quais os tipos, quando são indicadas?

Anestesia: quais os tipos, quando são indicadas?

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Publicado em 03/out/20

Muita gente tem receio de tomar anestesia. No entanto, esse procedimento é essencial para viabilizar a realização de cirurgias. O que nem todo mundo sabe é que o seu uso não se restringe aos procedimentos cirúrgicos. A anestesia também pode ser utilizada em tratamentos invasivos para dor crônica, como quando é preciso fazer infiltrações.

Neste artigo, reunimos os diferentes tipos de anestesias, abordando suas indicações e contraindicações. Se você tem dúvidas quanto às possibilidades de usos, aproveite este guia!

Como a anestesia age no organismo?

A anestesia é um procedimento médico. Ela bloqueia, temporariamente, a capacidade do cérebro de reconhecer os estímulos dolorosos, sendo essencial em cirurgias e procedimentos invasivos.

Sempre que nosso corpo sofre alguma injúria, sentimos dor. Isso somente é possível graças a existência de receptores presentes na pele, que identificam as lesões, e de nervos sensitivos, que transmitem sinais elétricos em direção à medula espinhal que, então, os envia ao cérebro — onde a dor é reconhecida.

Sendo assim, para frear a sensação dolorosa, a anestesia precisa agir em um desses pontos:

  • no local onde a injúria está ocorrendo;
  • na medula espinhal ou
  • no cérebro.

Tipos de anestesia

Conforme sua ação, a anestesia pode ser geral, local ou regional, (raquidiana ou peridural). Em comum, todos os tipos de anestesia têm o objetivo de impedir a sensação de dor. O que os diferenciam são os demais alcances.

Anestesia geral

Na anestesia geral, além de bloquear a dor, o anestésico impede a movimentação do paciente. Além disso, provoca uma espécie de amnésia, fazendo-o esquecer de boa parte do evento, mesmo que ele acorde durante o procedimento.

Na prática, é como se o corpo todo estivesse sedado. O paciente fica inconsciente e, muitas vezes, precisa ser intubado para respirar com a ajuda de aparelhos.

Anestesia local

A anestesia local é o tipo de anestesia mais comum, podendo ser administrada por diversas especialidades médicas, tais como dentistas, dermatologistas, entre outros. Ela é usada quando o único objetivo é impedir a sensação de dor pelo paciente. Nada além disso.

Geralmente, ela é feita com uma injeção de lidocaína na pele e tecidos subcutâneos, mas também pode ser feita com uma aplicação de spray ou gel com anestésico. É bastante usada em procedimentos como suturas da pele, punções, biópsias, etc.

Anestesia regional

A anestesia regional é o tipo mais usado em cirurgias simples, nas quais os pacientes permanecem acordados. Assim, ela pode bloquear a sensação dolorosa apenas na área acometida ou na parte inferior do corpo (do abdômen para baixo). Existem dois tipos de anestesias regionais:

  • a raquidiana ou raquiatestesia e
  • a peridural.
Anestesia raquidiana

A anestesia raquidiana é aplicada nas costas, diretamente na coluna espinhal, com uma agulha de pequeno calibre. Ela é muito usada em cesarianas e procedimentos nos membros inferiores.

O anestésico é injetado dentro do líquido espinhal (chamado de liquor), para bloquear os nervos que passam pela lombar. Assim, o anestésico impede que os estímulos dolorosos, provenientes das pernas e abdômen, cheguem ao cérebro.

Anestesia peridural

A anestesia peridural é aplicada na região peridural, ao redor do canal espinhal. Para isso, implanta-se um cateter, por meio do qual o anestésico é administrado constantemente.

Dependendo do caso, pode continuar sendo administrada após o término da operação. O intuito é garantir o alívio das dores nas primeiras horas seguintes ao procedimento.

Se comparada à anestesia raquidiana, a peridural exige um uso menor de anestésicos. Uma de suas aplicações mais recorrentes é durante o parto normal.

Quais são as principais indicações e contraindicações?

As anestesias são indicadas desde cirurgias de grande porte ou muito complexas até os procedimentos simples. Além disso, elas podem ser usadas em tratamentos médicos para dor, como em técnicas de bloqueios e infiltrações.

Em relação à anestesia geral, sobre a qual muitos têm medo, trata-se de um procedimento seguro. Dados comprovam que se ela, dificilmente, está ligada a complicações. Em pacientes saudáveis, a taxa de problemas decorrentes da anestesia geral é de 1,4 pacientes para cada 1 milhão de procedimentos.

No caso da anestesia regional raquidiana, a principal complicação são as dores de cabeça (cefaleia pós-raqui). Isso ocorre quando há vazamento de liquor pelo furo da agulha no canal espinha.

Por que é importante consultar um anestesiologista antes dos procedimentos?

O(a) anestesiologista é quem define qual será o tipo de anestesia. Isso é feito na avaliação pré-anestésica, com base nas necessidades do procedimento a ser realizado e no histórico clínico do paciente.

Ele também é o médico mais importante no controle da dor pós-operatória, seja ela aguda ou crônica. Além disso, seu trabalho é essencial para diminuir o risco de problemas subsequentes, como a ocorrência de íleo paralítico (obstrução intestinal).

Por que é necessário ter um anestesiologista acompanhando os procedimentos?

As anestesias geral e regionais (raquidiana e peridural) somente podem ser realizadas por médicos anestesiologistas. Após aplicá-las, eles continuam no local, monitorando o paciente. Assim, podem agir imediatamente, caso ocorra qualquer complicação.

Após o procedimento, eles acompanham a recuperação pós-anestética. O controle da dor, até que o paciente receba alta, é de sua responsabilidade.

Agora que você sabe mais sobre o funcionamento, indicações e cuidados relacionados às anestesias, sente-se mais seguro? Como mostrado, não faz sentido deixar de realizar algum procedimento por medo delas. Mesmo porque, já foi comprovado que os riscos associados (previsão de mortalidade operatória) não aumentam devido a fatores anestésicos.

Em suas redes sociais, a Dra. Paula Benedetti, médica anestesiologista especialista em dor, publica diversos conteúdos relacionados à prática da anestesia. Siga-a no Facebook e Instagram e confira em primeira mão!

Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

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