Como diminuir a dor no câncer?

Como diminuir a dor no câncer?

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Publicado em 22/ago/20

A dor é uma das queixas mais frequentes em pacientes oncológicos e, portanto, um sintoma que exige cuidado adequado. Os tratamentos complementares visam aliviar esse sofrimento e devolver a qualidade de vida às pessoas que estão passando por diferentes estágios da doença.

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Neste artigo, reunimos algumas das principais maneiras de aliviar a dor oncológica. Veja a seguir!

O que gera a dor no câncer?

O tumor é o principal fator causador da dor no câncer. Geralmente, ela decorre da pressão exercida pelo tumor em algum nervo, osso ou órgão. Mas além do tumor em si, exames e tratamentos também podem gerar esse incômodo.

E existe, ainda, uma dor que não é, propriamente, relacionada à doença, seu diagnóstico ou tratamento. Tratam-se das dores decorrentes do momento peculiar pelo qual o paciente está passando.

Quais são os tipos de dores oncológicas?

Diferentes tipos de câncer podem provocar diferentes dores. No entanto, vale ressaltar que isso varia bastante de paciente para paciente.

Dor gerada pela compressão da medula espinhal

No câncer de medula, a dor pode ser sentida na região do pescoço e/ou provocar dormência nos braços ou pernas. O tratamento costuma ser feito com sessões de radioterapia, administração de esteroides e/ou cirurgia.

Dor óssea

Ocorre quando o câncer atinge os ossos. Nesse caso, o tratamento é feito com radioterapia e/ou medicação. Mas a dor óssea também pode ser decorrente do efeito colateral de alguns quimioterápicos usados em diversos tipos de câncer.

Dor decorrente de exames

Além dos exames diagnósticos, durante o tratamento o oncologista solicita outros, para avaliar a resposta do tumor. Muitos deles podem ser dolorosos, exigindo o uso de medicações para o respectivo alívio.

Dor de tratamentos

A dor pode ser um efeito colateral da quimioterapia e da radioterapia. Quando não é bem gerenciada, ela pode levar à suspensão do tratamento. Por isso, vale a pena contar com a ajuda de um médico especialista em dor.

Dor cirúrgica

Quando a via de tratamento é a cirurgia, algumas dores são esperadas e podem se estender por semanas. Porém, há forma de amenizá-las, seja por meio de medicação ou por terapias complementares.

Dor fantasma

A chamada dor fantasma é uma dor que se inicia com a cirurgia, mas que não cessa dentro do período estimado. É como se a parte retirada continuasse no local, gerando sintomas dolorosos.

Os motivos pelos quais isso ocorre ainda não são claros. Porém, a dor fantasma é sentida como uma dor real. Para ajudar, é imprescindível oferecer um tratamento com abordagem multidisciplinar, composta por um especialista em tratamento da dor.

Dor periférica

As origens desse sintoma são diversas: efeitos da quimioterapia, doenças pré-existentes (como o diabetes), infecções, carências de vitaminas, etc. É descrita de diversas maneiras, como uma dor acompanhada de ardor, dormência, formigamento, fraqueza ou outras sensações incômodas nos membros superiores e inferiores.

Como diminuir a dor durante o tratamento de câncer?

A dor oncológica é tratada de diversas formas, de acordo com o diagnóstico, histórico clínico e condições de cada paciente. Na maioria das vezes, utilizam-se fármacos (opioides) e terapias complementares reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O objetivo do tratamento da dor no câncer é diminuir o sofrimento e melhorar a qualidade de vida do paciente ao longo do tratamento clínico e além dele. Para isso, ele deve ser multidisciplinar.

As terapias complementares não substituem os tratamentos da medicina convencional. Porém, oferecem novas possibilidades para o manejo e controle da dor. Na prática, elas vão além dos aspectos físicos e bioquímicos, cuidando de fatores nutricionais, socioemocionais e até espirituais. Por exemplo:

  • a psicologia contribui com o alívio da dor por meio de técnicas de relaxamento e distração dirigida, respiração profunda, entre outras;
  • a fisioterapia, por sua vez, pode contribuir com exercícios de relaxamento para o pós-operatório;
  • os exercícios físicos, de acordo com a preferência do paciente, previnem a distrofia, reduzem a fadiga, regulam o sono, entre outros benefícios, devendo ser praticados regularmente — sempre que possível —, de preferência sob a supervisão de um educador físico ou fisiatra;
  • a ioga, a meditação, o biofeedback, entre outras técnicas de relaxamento executadas sob a orientação de um terapeuta, ajudam a aliviar as dores provenientes de tensões;  
  • as massagens aliviam a tensão e a ansiedade e ainda promovem o relaxamento muscular (mas há contraindicações em casos de acometimento ósseo ou da pele);
  • a acupuntura ou a moxabustão (acupuntura térmica) melhora o controle de espasmos musculares e da dor em geral;
  • a estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) e a manipulação de frio e calor ajudam no alívio das dores físicas.
  • mais recentemente, ensaios clínicos sobre a terapia farmacológica com derivados de canabinoides também tem apresentado bons resultados para o tratamento adjuvante da dor oncológica. 

Quais são as consequências de não tratar a dor?

Em adultos, os sintomas mais comumente tratados com terapias complementares são as dores musculoesqueléticas. Dores nas costas, no pescoço e nas articulações estão entre as mais recorrentes.

Mas seja a dor do câncer aguda ou crônica, visceral ou somática, neuropática e/ou psicogênica, não tratá-la leva a:

  • maior ansiedade;
  • sintomas depressivos;
  • perda da disposição;
  • piora da qualidade do sono;
  • prejuízos às funções cognitivas;
  • impactos na vida social e na autoestima;
  • dificuldades para realizar as tarefas cotidianas, etc.

A dor do câncer continua após a remissão?

Em alguns casos, os pacientes podem sentir dor mesmo após a remissão. Trata-se de um dos efeitos colaterais tardios, decorrentes de sequelas cirúrgicas, problemas nos ossos e articulações, entre outros.

Assim, a dor no câncer é um processo multifatorial, que prejudica a qualidade de vida do paciente. Porém, buscar ajuda especializada e manter os cuidados a longo prazo permite amenizá-la e, consequentemente, recuperar a disposição e a esperança para seguir em frente. Por isso, enquanto o oncologista trata as causas e prescreve fármacos, ele também pode recomendar tratamentos complementares — de preferência, conduzidos por um médico especialista em dor que ofereça uma abordagem individualizada e olhe o paciente de maneira integral.

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Material escrito por: Dra. Paula Benedetti

Anestesiologista especialista em Dor. Formada em medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Realizou sua residência médica em anestesiologia na Fundação Universitária de Cardiologia (IcFUC) e no Centro de treinamento SANE/SBA, em Porto Alegre(RS). Seus estudos focados no tratamento da dor foram realizados com os cursos de pós-graduação em dor crônica, no Hospital Israelita Albert Einstein, e no Curso de Intervenção em Dor na Singular- Centro de controle da dor.

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